Algo que me chamou a atenção neste longa é o fato de ele romper com o paradigma (e por que não estigma?) de que produções nacionais devem retratar o Nordeste semi-árido (vide Central do Brasil, Auto da Compadecida, Eu, Tu, Eles...) ou a violência da vida nas metrópoles (vide Carandiru, Antonia - o filme etc.). O filme retrata aspectos regionalistas do Brasil, com histórias se passando no interior de Minas Gerais. Em Pequenas Histórias o espectador depara-se com personagens que são elementos do folclore brasileiro, algo que pode ser entendido como uma tentativa de Ratton em se resgatar e preservar as tradições da cultura brasileira.
Vale a pena ir ao cinema e se deleitar com o 'causo amoroso' de Tibúrcio (Maurício Tizumba) e Yara (Patrícia Pillar), se comover com o causo do Papai Noel, numa atuação brilhante de Paulo José. Isso sem contar nos arrepios que a platéia sentirá ao ver o causo da procissão das almas, ou mesmo rir a valer com a ingenuidade (e por que não originalidade) de Zé Burraldo.
Pequenas Histórias é mesmo um filme para toda a família. Nota 10 para a sensibilidade e originalidade de Helvécio Ratton.